Ricardo Gelli em “Rio Grande”: peça discute estereótipo do macho desafiado
O ator protagoniza o monólogo, escrito e dirigido por Sergio Mello, que faz temporada no Teatro Sérgio Cardoso

O ator paulistano Ricardo Gelli, de 41 anos, colecionou personagens marcantes nas recentes temporadas. Seu nome foi destaque nas peças Genet — O Poeta Ladrão, Visitando o Sr. Green, Troilo e Créssida e A Noite de 16 de Janeiro, além do filme Dez Segundos para Vencer, em que viveu o tio do boxeador Éder Jofre. É natural que o artista busque trabalhos complexos nessa curva ascendente de sua carreira.
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O monólogo Rio Grande, escrito e dirigido por Sergio Mello, traz esse papel, que exige do protagonista uma disponibilidade maior diante do texto e, principalmente, uma empatia com a plateia que permita eliminar julgamentos.
Gelli interpreta um metroviário que recorre ao computador em suas folgas. Nas conversas on-line, o sujeito procura parceiros, sempre homens, para apimentar a relação com sua mulher. Depois de um dos encontros, ele acaba levado a uma delegacia para prestar contas.
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O texto abre diversas possibilidades de leitura. Em comum, todas giram em torno da fragilidade da identidade masculina. Gelli se apresenta diante do público como em um depoimento, seja para o delegado, seja para a webcam, e, na estratégia de convencimento, ator e personagem se confundem em uma investida da direção capaz de dividir a plateia e provocativa aos conservadores (55min). 14 anos. Estreou em 26/1/2019.
+ Teatro Sérgio Cardoso — Sala Paschoal Carlos Magno. Rua Rui Barbosa, 153, Bela Vista. Sexta e sábado, 19h; domingo, 17h. R$ 50,00. Até 17 de março.